As imagens são comentários que evidenciam a crise existencial que está sendo vivida hoje na Rússia.
O colapso do comunismo como experiência de ideal coletivo confronta a velha geração com os jovens pós-Perestroika. Estes, seduzidos pelas miragens capitalistas. Promessas de felicidade contidas na vibração das grandes cidades russas, nas mensagens publicitárias, nos parques de diversão, na música e na cultura pop ocidental. Jovens ávidos por correr atrás do tempo perdido se lançam ao consumo, ao hedonismo e principalmente ao individualismo narcisista.
A fotografia, através da linguagem documental, parte da realidade para questioná-la. A atitude diante da câmera provoca um ruído intenso, caótico. Cada vez que a câmera é disparada, a imagem ricocheteia na realidade russa e volta como uma provocação. As imagens, mesmo como fragmentos, sugerem vibração e movimento em alguma direção que nem mesmo os russos sabem qual é.